Books’ nature is mineral.
Some drink themselves others spread
like water. Others stone, not fruit
stone where your skin sprouts.
An ant crawls over.
There is shaking grass
wind and sun with shade
moss grows, a mosquito
enters your mouth and spitting
you fall into the water that someone
in a city far
away, maybe
without sorrow
turns the page
drinks.
Taking root is just like going into orbit.
Sketching the remainder of the water
that takes a seat in ice on the poles
or the moss cover
living in the shade
and that the wind does not pull
up even if the moss moves
slightly
when it rains.
Offering your body to being
a bush and running water
wind I don’t know now
what encompasses
what watches me.
I have been handed over
to the darkest
of mute nights.
What can I do?
Here among these thorns?
I walk as low
as ants
but if I’m not a bush
why have I lived,
I, covered with thorns?
A nest was made from the fall
macerated leaves of shade
shelter my body.
It is the earth’s forgetting.
But why, why
did I dress in thorns?
Si soy el temblor, the place
where the thunder says
I is my inflated
chest.
I want to see what song teaches you to see.
Plants’ curious ability to light up song
and thus do what they don’t know how to do: sing.
◆
Os livros são de natureza mineral.
Alguns bebem-se outros se proliferam
como água. Outros pedra, não fruta
rocha de onde brota a tua pele.
Passa por cima uma formiga.
Há capins vibrando
vento e sol com sombra
o musgo cresce, um mosquito
entra na tua boca e você cuspindo
cai na água que alguém
numa cidade adiante
distante, talvez
sem mágoa
vira a página
bebe.
Criar raízes é o mesmo que fazer órbitas.
Desenhar o resto da água
que se abanca em gelo nos polos
ou a cobertura de musgo
que vive na sombra
e com o vento não se arranca
embora movimente
sutilmente
quando chove.
Oferecer o próprio corpo a ser
arbusto e água corrente
vento já não sei
o que engloba
o que me olha.
Tenho sido entregue
às mais escuras
das noites mudas.
Que posso eu?
No entre desses espinhos?
Ando tão baixo
quanto as formigas
mas se arbusto não sou
por que tenho vivido
eu coberta de espinhos?
Da queda fez-se um ninho
maceradas folhas de sombra
abrigam o meu corpo.
É o esquecimento da terra.
Mas por que, por que
vesti-me de espinhos?
Si soy el temblor, o lugar
onde o trovão diz
EU é o meu peito
alargado.
Eu quero ver o que o canto ensina a ver.
Curiosa capacidade das plantas de iluminarem o cantar
e assim fazerem o que não sabem fazer: cantar.